domingo, 7 de outubro de 2012

Capítulo 16 - ARMADURAS E TONALIDADES


Armadura de clave é como se chama o conjunto de acidentes fixos que determina a tonalidade da música.
Tonalidade é o conjunto de notas, resultante da armadura, que poderão ser usadas na música.


TONALIDADE MAIOR

A ordem de escrita, tanto dos sustenidos como dos bemóis, é sempre a mesma. Para determinar esta ordem utilizam-se dois métodos: os chamados ciclos de quintas, ou o sistema de tetracordes. Mas o que é isso?


CICLO DE QUINTAS

Neste método, contam-se os intervalos. Como o nome sugere, a 5ª justa. A partir de Dó maior, uma quinta ascendente nos leva a Sol. 
 




Nessa lógica, a próxima tonalidade é Sol maior. Aí nos deparamos com a mesma questão de antes: a fórmula do modo maior. Então a solução é a mesma: acrescentar um sustenido à sensível. O mesmo para as próximas tonalidades: estando em Sol maior, conta-se uma quinta justa ascendente e teremos Ré, e assim por diante.

 Aqui todas as armaduras maiores com sustenidos:

Este é o mapa do ciclo de quintas ascendente (lê-se em sentido horário), onde as tonalidades de fora do círculo são maiores e as de dentro são suas relativas menores:


Para as tonalidades com bemóis, contamos uma quinta justa descendente a partir de Dó maior, chegando ao Fá:

Assim, nossa próxima tonalidade é Fá maior. Novamente corrigimos a fórmula T-T-S acrescentando um bemol ao quarto grau. A partir de Fá maior, contamos uma quinta justa descendente e chegamos em Sib maior. Etcétera.

Aqui as armaduras maiores com bemóis:

Este é o mapa do ciclo de quintas descendente (lê-se em sentido anti-horário), onde as tonalidades de fora do círculo são maiores e as de dentro são suas relativas menores:


SISTEMA DE TETRACORDES

Partimos da tonalidade de Dó maior, que não tem nenhum acidente e por isso é sempre a base para se iniciar uma análise. Escrevemos então a escala de Dó Maior nesta pauta:
Tetracorde = 4 sons, certo? Então uma escala pode ser dividida em dois tetracordes, de mesma formação: Tom-Tom-Semitom.
Esta então é a fórmula do modo Maior. Lembramos que os intervalos de semitom neste modo estão entre os graus III e IV e entre os graus VII e VIII.
Feito isso, temos a 1ª tonalidade: Dó maior. Nesta tonalidade, todas as notas são naturais, não importa qual escala for escrita.

Tendo em mãos os dois tetracordes, pegamos o 2º (que inicia em Sol) e passamos ele para a frente, e completamos com as notas restantes. Assim temos nada mais, nada menos, que a escala de Sol.

Mas... espere! Tem um erro aqui! E a fórmula do modo maior “Tom-Tom-Semitom”? Pois é, no segundo tetracorde não funcionou. Então como corrigimos isso? Acrescentando um sustenido à sensível (sétimo grau):
E aí nós temos nossa segunda tonalidade: Sol Maior!

Para o restante da armadura de sustenidos segue-se o mesmo modelo.

Agora, para a armadura de bemóis. Pegamos novamente nosso Dó maior:

Desta vez, vamos fazer diferente: pegamos o 1º tetracorde e passamos ele para o lugar do 2º. Neste caso, preenchemos as notas que faltam para a frente.

Pronto, agora temos que resolver o problema da fórmula do modo maior: Tom-Tom-Semitom. Precisamos diminuir meio tom do quarto grau, para que a fórmula fique correta. Então:

E aí nos surge a tonalidade de Fá maior (o primeiro grau nomeia o tom). Mesma regra para o restante!
Agora que você já aprendeu como montar as tonalidades, segue uma dica para reconhecê-las de cara:

Sustenidos: Tomando como exemplo a armadura com quatro sustenidos. Qual é o último sustenido? Ré. Qual nota vem depois de Ré? Mi. Então estamos na tonalidade de Mi maior. Fácil não?

Bemóis: Tendo a armadura com três bemóis de exemplo. Qual é o penúltimo bemol? Mi. Então estamos na tonalidade de Mi bemol maior. Simples!

Até aqui estudamos apenas as tonalidades maiores. Vejamos então as menores.


TONALIDADE MENOR

A diferença do modo maior para o modo menor está na localização dos semitons naturais. Enquanto vimos que em Dó maior os semitons estão entre os graus III-IV e VII-VIII, no modo menor eles encontram-se entre os graus II-III e V-VI. Ou seja: usam a fórmula T-S-T para o primeiro tetracorde e S-T-T para o segundo. Entre os dois tetracordes existe um Tom.

No modo maior, utilizamos Dó como base. No modo menor isso não é possível, então precisamos encontrar a tonalidade relativa menor de Dó maior. Mas o que é relativa menor? Duas tonalidades são relativas quando utilizam a mesma armadura de clave. Então a relativa menor de Dó terá uma armadura sem acidente nenhum, porém com a fórmula do modo menor T-S-T e S-T-T.

Encontrar esta tonalidade relativa é fácil: é só transformar o VI grau da tonalidade maior em I grau da tonalidade menor. Assim sendo, o VI grau de Dó maior, que é Lá, passará a nomear a tonalidade relativa menor: Lá menor.

Cada tonalidade maior tem sua relativa menor, e vice-versa. Para encontrar a relativa maior de uma tonalidade menor, basta transformar o III grau em I.
Também é possível calcular as relativas da seguinte forma:
Para relativa menor: conte uma terça descendente a partir do I grau: Dó-Si-Lá.
Para relativa maior: conte uma terça ascendente a partir do I grau: Lá-Si-Dó.


FORMAS

O modo menor tem algumas peculiaridades que o modo maior não possui. Isso se dá nas escalas: no modo maior, a único forma de escala é a natural. Mas não confunda com as notas naturais! Uma escala ser natural indica que ela sempre segue a fórmula T-T-S. Ou seja, respeita os acidentes fixos.
Já no modo menor temos quatro formas de escala: natural, harmônica, bachiana e melódica. A escala menor natural segue o mesmo conceito da sua irmã maior: respeita sempre a fórmula T-S-T, S-T-T. Nas demais formas menores, o 2º tetracorde da escala sofre alteração, então usaremos a fórmula apenas para ele, já que a primeira fórmula é imutável. Vejamos:

Escala menor harmônica: Criada a partir da escala menor natural, eleva-se o VII grau em meio tom.
Fórmula: S-2A-S. Sendo 2A = T+S. Por quê?
Lembre-se que uma escala se dá por intervalos de 2ª, vemos que do VI para o VII grau temos 1 ½ Tom (T+S), ou seja, um intervalo de segunda aumentada (2A):

Obs: Nas escalas menores harmônicas a alteração do VII grau independe dos acidentes fixos. Como neste caso:

Aqui o VII grau já tinha um sustenido por conta da armadura. No momento em que aplicamos a fórmula S-2A-S, acrescentamos um semitom ao VII grau, tornando-o dobrado sustenido.

Escala menor bachiana: Criada a partir da escala menor harmônica, eleva-se o VI grau em meio tom.
Fórmula: T-T-S (pois é, virou um tetracorde maior!)

Obs: Em caso de armadura de bemóis, por exemplo Ré menor:
Como o VI grau era bemolizado, ao elevar meio tom para a forma bachiana o Si bemol passa a ser Si natural. Para isso utiliza-se o bequadro.

Escala menor melódica: Criada a partir da união das formas natural e harmônica, esta forma tem duas fórmulas: uma ascendente e uma descendente.
Ascendente: forma bachiana, ou seja: T-T-S
Descendente: forma natural, ou seja: S-T-T

Resumindo: a escala sobe bachiana e desce natural:

Bons estudos! Dúvidas? Acesse o fórum e faça sua pergunta!

10 comentários:

  1. Olá,J.Braccini sou xavier soma angolano,gostei muito do seu trabalho(criativo)estás de parabéns!
    E sendo um dos "loucos" do mundo da música mas pouco sei a respeito, julgo que o seus marcadores ou postagem podem servir-me de guia para eu seguir de forma regrada consequentemente realizar meu sonho que é fazer música.Podes, enviar-me por meu e-mail soma7chaves@hotmail.com ou xaviersoma@gmail.com
    Por favor e bem haja.

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    1. Olá Xavier! Disponibilizo meu material gratuitamente para estudo acompanhado apenas no blog. Agradeço a compreensão! Bons estudos!

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  2. Joanna, seu blog é maravilhoso! Infelizmente ainda estou encontrando muita dificuldade nesse tópico de armaduras e especialmente de tonalidades. Pode me indicar alguma leitura complementar?

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    1. Olá, Sidmar! Você pode entrar em nosso fórum (http://joannabraccini.wix.com/teoriamusical#!forum/cr59) e no tópico dúvidas, escolher o capítulo e abrir suas questões para discussão. Também aconselho a leitura neste site: http://musicaeadoracao.com.br/25396/tonalidades-maiores-e-menores-armadura-de-claves/

      Sempre crio os capítulos de forma que o entendimento seja mais rápido e dinâmico, mas se ainda assim existem dúvidas, pergunte! Bons estudos!

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  3. top o conteudo disponibiliza para dowload via email pessoal ,a pessoa cadastrando no site o email para receber esse conteudo. ficaria bacana e ajudaria nos estudo com eles impresso. abraço

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    1. Obrigada! Sobre o conteúdo, pretendo publicá-lo mais tarde, por isso não disponibilizo pra download ainda. o cadastro é pra receber aviso quando algo novo for publicado ;)

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  4. ola voce teria estudo de como cifra as proprias composições ?

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    1. Por enquanto nada meu. Mas sugiro ler este artigo: http://acordesdeviolao.com.br/2010/01/31/como-cifrar-uma-musica/

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  5. Olá, por favor me informe na teoria musical; o que venha ser a palavra motivo? Obrigado.

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  6. Por favor me informe na teoria musical, o que significa a palavra motivo?

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